USP pelas Pessoas
Um Programa de Gestão para a Comunidade Universitária
Nossas prioridades
Valorizar as pessoas é, a um só tempo, reconhecer o valor de cada um(a) no bom desempenho das inúmeras funções que compõem os processos da organização e estimular que, a partir disso, nosso impacto social se potencialize.
Tratar da valorização das pessoas como um dos eixos prioritários deste Programa, é entender que há muito a ser feito nesse âmbito. Cuidar de nossos estudantes, dar suporte aos nossos servidores técnico-administrativos e satisfazer nossos professores. Melhores condições de estudo e trabalho, suporte psíquico-emocional, um ambiente menos hostil, mais amigável e agradável, tudo isso é necessário e não pode escapar de nossas prioridades. Questões relativas às possibilidades de progressão na carreira, benefícios e o enfrentamento do desafio da aposentadoria precisam ser reconhecidos.
Houve um tempo em que ser USP era uma condição restrita, fechada, para poucos. Os tempos mudam, os entendimentos se ampliam e as Sociedades se revelam mais complexas. Hoje, ser USP pode ser diferente, podemos conciliar a excelência acadêmica, científica, intelectual e cultural que nos constituiu com uma compreensão de excelência que englobe a diversidade. Nosso desafio é, portanto, ressignificar o sentido de uma universidade excelente – academicamente, cientificamente, intelectualmente e culturalmente; mas também socialmente, politicamente, ideologicamente e epistemologicamente.
Estar no topo, ser líder, significa também ser referência, encabeçar discussões, antecipar visões de mundo, abrir caminho. Devemos, portanto, aprofundar as discussões sobre a excelência acadêmica e compreender o que isso significa diante do novo panorama que se apresenta – panorama interno, pensando em nossos estudantes, funcionários e professores; mas também panorama externo, contemplando as comunidades que nos rodeiam, o estado que nos financia, o país que nos dá sentido e o mundo.
Por outro lado, que sentido tem a existência de uma universidade pública, senão pela sua relação com a Sociedade? Dizer que a USP precisa investir no fortalecimento da relação com a Sociedade significa, antes de tudo, resgatar o sentido do que é público. Em última instância é fazer reviver os valores essenciais republicanos. Tudo o que se faz nesta universidade deve ser concebido e realizado com vistas ao desenvolvimento social e ao bem-estar das pessoas componentes da Sociedade que nos legitima. Cada vaga ocupada, cada verba liberada, cada projeto elaborado, tudo na USP deve existir em função da Sociedade.
A pesquisa histórica mais intrincada, o projeto tecnológico mais avançado, a reflexão filosófica mais sofisticada, o empreendimento artístico mais abstrato, tudo isso pode – e deve – compor o cotidiano da USP. A existência de orquestras, museus acadêmicos, de um curso de uma língua não mais correntemente falada, de um navio-laboratório e de reservas ambientais, de toda a riqueza universitária caracteriza a USP como polo propositor de uma Sociedade melhor – que goste de música e que dela possa se alimentar, que valorize e conheça sua história, que entenda o sentido da arte na existência humana, que aprenda mais de tudo a partir dos nossos ancestrais linguísticos, que aprenda a enxergar a existência humana como parte de um ecossistema maior. Trata-se de estabelecer constantes e inúmeros pontos de contato, diálogo e interação com a Sociedade, para que, nessas mútuas trocas, a universidade se reconheça cada vez mais como algo que existe em função das pessoas que a legitimam; e que, por sua vez, a Sociedade enxergue a universidade como um de seus componentes mais importantes e valiosos, dignos de respeito e orgulho, mas também objeto de carinho, confiança e credibilidade. Por isso a urgência do fortalecimento da relação com a Sociedade.
Por outro lado, sabemos que a USP é uma instituição de grande porte, cuja organização envolve processos complexos, hierarquias sobrepostas, atividades de naturezas muito diversas e demandas dos mais impensáveis tipos. Surge daí a necessidade de um urgente investimento em eficiência na gestão administrativa. Para que as engrenagens se articulem melhor, para que possamos funcionar melhor.
Vemo-nos, muitas vezes, em meio a procedimentos burocráticos que nos tomam tempo, nos tiram a paciência, nos fazem reclamar – sem falar que impedem ações, limitam propostas, inviabilizam práticas. Precisamos enfrentar o desafio de simplificar, otimizar, automatizar e tornar inteligentes os muitos procedimentos que compõem a rotina na Universidade. Dizer que defendemos a eficiência na gestão administrativa, hoje, significa, por exemplo, apostar nas novas tecnologias do digital, como, por exemplo, a inteligência artificial. Nesse novo cenário interfaces amigáveis, sistemas intuitivos, assistentes virtuais, podem passar a fazer parte de nossa rotina acadêmica. A incorporação de tecnologias do digital aos processos típicos da universidade, contribuirá para que nossas energias – motoras, físicas, mentais, intelectuais – possam ser direcionadas ao que realmente importa.
Quando falamos em eficiência na gestão administrativa, estamos pensando em trazer essa inteligência, não apenas como recurso ou instrumento tecnológico, mas como forma de pensar e agir. Fazer com que o mero exercício das nossas atividades se dê de forma mais ágil, de modo a ampliar nossas potências acadêmicas.
Nossos compromissos
Modernização curricular e metodológica
A primeira ação do programa dedica-se à renovação curricular e metodológica. Prevemos a reformulação dos primeiros anos dos cursos, com ações de acolhimento, acompanhamento pedagógico e recuperação de aprendizagens fundamentais, apoiadas por tutoria entre pares e mentoria docente, para redução da evasão e ampliação do desempenho estudantil. Paralelamente, propomos a atualização dos projetos pedagógicos com base em evidências científicas, pesquisas com egressos e metodologias inovadoras, assegurando integração entre áreas, flexibilidade curricular e alinhamento aos ODS[1].
Soma-se a isso a implantação de um sistema digital unificado de avaliação contínua de disciplinas, programas e cursos, associado à formação de coordenadores no uso de indicadores internos e externos, fomentando uma cultura de excelência e transparência. Finalmente, reafirmamos o fortalecimento das licenciaturas, com apoio institucional ao PFPP, ampliação dos estágios e parcerias com redes públicas, consolidando sua relevância estratégica para a transformação educacional do país.
[1] Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Permanência, ambiência e inclusão
A modernização curricular precisa estar articulada à garantia de permanência e equidade. Por isso, propomos a manutenção e ampliação do PAAEG, com investimentos em climatização, bibliotecas, salas de convivência e espaços de estudo, favorecendo o bem-estar e a redução da evasão. Também propomos a criação de instâncias regulares de protagonismo discente, valorizando a diversidade de experiências e fortalecendo vínculos institucionais, inclusive com os egressos. Além disso, será instituído um Núcleo de Acessibilidade Pedagógica, responsável por desenvolver recursos inclusivos, adaptar ambientes e oferecer formação docente em inclusão, garantindo que todas e todos os estudantes tenham acesso equitativo à formação.
Formação e valorização docente
A valorização da docência é uma ação estratégica do programa. Prevê-se a reformulação dos processos de avaliação e progressão docente, com incorporação de critérios ligados à qualidade do ensino, inovação e impacto pedagógico. Também será assegurada e fortemente recomendada a formação pedagógica a docentes ingressantes nos primeiros anos de carreira, fortalecendo sua atuação desde o início. Nesta ação contemplamos ainda a consolidação e expansão do PDPD, apoiado pelo recém-criado EDD[1]. Articulado à PRG e à PRPG, o EDD garantirá continuidade, capilaridade e sustentabilidade às ações formativas, promovendo uma cultura de formação contínua e práticas pedagógicas inovadoras e equitativas.
[1] Espaço de Desenvolvimento Docente.
Integração Ensino-Pesquisa-Extensão e internacionalização
Em sintonia com a valorização docente, esta ação afirma a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Propomos a criação de projetos inovadores de caráter multi, inter e transdisciplinar, que articulem disciplinas, atividades de extensão, estágios supervisionados, iniciação científica, PEEG, PAP, PROIAD, PUB[1], PIBID[2], PET[3] e Bolsa Seduc. Buscaremos também aproximar graduação e pós-graduação por meio de trilhas integradas — como a Grad-PG Capes — e da participação ampliada de pós-graduandos na graduação, assegurando formação contínua e engajada.
No campo internacional, destacamos a internacionalização dos currículos, a maior oferta de disciplinas em outros idiomas, a ampliação do duplo diploma, projetos colaborativos como o COIL[4], estímulo à formação plurilíngue, concessão de bolsas de intercâmbio, atração de estudantes estrangeiros e incentivo ao PEC-G[5]. Assim, a USP reafirma sua vocação para uma formação crítica, conectada à Sociedade e competitiva no cenário internacional.
Gestão acadêmica e avaliação institucional
Para sustentar a transformação pedagógica, é indispensável modernizar e profissionalizar a gestão acadêmica. Esta ação prevê a criação de um Programa de Formação e Desenvolvimento da Gestão Acadêmica, voltado a presidentes de Comissões de Graduação, coordenadores de curso e equipes técnicas, garantindo maior eficiência.Além disso, propõe-se a revisão dos processos realizados pelos Serviços de Graduação, padronizando normas e procedimentos, e assegurando transparência e tratamento isonômico entre as Unidades. Na gestão de bolsas e estágios, será promovida a integração dos sistemas, evitando sobreposições e ampliando a compreensão das informações. Por fim, destacamos a integração curricular baseada no desenvolvimento de competências, com o primeiro ano organizado em trilhas formativas comuns, favorecendo a interdisciplinaridade, combatendo a evasão e promovendo maior coerência pedagógica.
Inovação, sustentabilidade e cultura institucional
Conectado a todos as demais, esta ação articula modernização tecnológica, compromisso social e fortalecimento da identidade acadêmica. Prevê o uso ético e pedagógico da inteligência artificial, com formação docente e incorporação responsável nos cursos de graduação. Incentiva a criação de disciplinas interunidades e interinstitucionais em formato híbrido, ampliando a integração entre áreas e diversificando a formação.
Outro destaque é a inserção dos ODS em disciplinas transversais e práticas pedagógicas, promovendo uma formação cidadã e ambientalmente consciente. Para fortalecer a participação discente, propomos a criação do PRG Jovem, instância consultiva voltada ao diálogo do corpo discente com a PRG. Por fim, buscaremos ampliar a atratividade dos cursos por meio de ações descentralizadas de divulgação, valorização de programas como a “Feira das Profissões” e “De Volta à Escola”, e antecipação das chamadas de ingresso, visando aumentar a procura e reduzir atrasos nas matrículas de ingressantes.
Novos desafios e compromissos
O horizonte da próxima gestão traz questões que exigem respostas firmes e inovadoras. Entre elas, a necessidade de centralizar e modernizar a gestão acadêmica, superando a fragmentação administrativa com sistemas integrados que assegurem eficiência e equidade. Impõe-se também a redefinição de cursos com baixa atratividade, seja por fusão, flexibilização curricular, ou redirecionamento formativo.
Outro ponto é a revisão do Estatuto Docente em relação ao ensino, para valorizar práticas pedagógicas, estágios, projetos de extensão e inovação. No campo da inclusão, destaca-se a ampliação de práticas de educação inclusiva e saúde mental, articulando acolhimento psicossocial, formação docente e adaptações curriculares.
Será igualmente fundamental fortalecer o monitoramento acadêmico com dados em tempo real, conectando evasão, atratividade e desempenho. Por fim, a USP deve preparar-se para os novos cenários da educação digital, com um observatório capaz de antecipar tendências, credenciais alternativas e modelos híbridos, garantindo atuação inovadora e responsável.
Defendemos o fortalecimento da articulação entre Pró-Reitorias, por meio de programas e editais integrados que unam ensino, pesquisa, extensão, inovação, inclusão e internacionalização. Propomos também a institucionalização definitiva do PDPD, com fortalecimento do Espaço de Desenvolvimento Docente (EDD), com orçamento próprio, articulação com a pós-graduação e vínculo a critérios de progressão na carreira.
Temos por objetivo garantir sustentabilidade orçamentária aos programas da graduação, especialmente ao PAAEG, com chamadas anuais baseadas em inovação, equidade e impacto social. Na valorização docente, propomos rever os critérios de avaliação e progressão, incorporando métricas qualitativas de ensino, extensão e inovação. A inteligência artificial deve ser tratada como eixo transversal em ensino, pesquisa e gestão.
Propomos a criação de um ecossistema digital unificado, acessível também por aplicativo móvel, que permita a eficiência e a simplificação dos processos administrativos, com a ampliação da escuta ativa de estudantes, docentes e funcionários, por meio de visitas frequentes às unidades, fóruns e observatórios. A sustentabilidade deve ser princípio estruturante da formação acadêmica, com ODS integrados a projetos e disciplinas. Além disso, propomos fomentar integração entre campi, criar indicadores dinâmicos de avaliação das políticas, fortalecer o Congresso de Graduação da USP e a revista Grad+ como espaços de compartilhamento de experiências e práticas e institucionalizar um Conselho Universitário Temático da Graduação, com reuniões bianuais e relatórios avaliativos.
Reforço da atratividade e apoio à permanência
Propomos estabelecer uma articulação estratégica entre a Pós-Graduação e a Graduação para criar a oportunidade de fluxo formativo contínuo para graduandos em final de curso interessados que pretendam seguir uma carreira acadêmico-científica, aproveitando e potencializando experiências já desenvolvidas. A ideia é estimular que possam cursar disciplinas da pós-graduação como alunos especiais, ainda durante o final da graduação e que seus Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) e projetos de Iniciação Científica (ICs), quando de qualidade e relevância comprovadas, possam ser valorizados nas estratégias de seleção de candidatos para ingresso na pós-graduação. Isso evitaria a dispersão de talentos que, muitas vezes, se afastam da carreira acadêmica por falta de continuidade imediata.
A política de permanência voltada para alunos de mestrado e doutorado deve atuar como um pilar de sustentação para garantir que todos os estudantes possam concluir suas trajetórias acadêmicas com êxito, independentemente de condições socioeconômicas. Isso envolve a ampliação de auxílios para estudantes em situação de vulnerabilidade econômica, para suporte em despesas essenciais como transporte, moradia e alimentação, acompanhadas de ações de apoio acadêmico e psicossocial. Programas de mentoria, oficinas de capacitação e atendimento especializado em saúde mental são fundamentais para prevenir a evasão, ao mesmo tempo em que a flexibilização de prazos e atividades atende às necessidades de estudantes que conciliam estudos com trabalho, responsabilidades familiares ou demandas específicas de acessibilidade. O fortalecimento do senso de pertencimento por meio de eventos, redes de apoio e espaços de integração também é parte essencial dessa estratégia.
A criação de uma rede de egressos da pós-graduação como espaço dinâmico de troca de experiências, oportunidades e conhecimentos, incentivando o contato contínuo entre alunos e ex-alunos pode reforçar o sentimento de permanência e contribuir para a maior efetividade de conclusão dos programas. Por meio dessa rede, será possível também identificar novas oportunidades de parcerias, estágios, projetos colaborativos e coorientações, inserções futuras no mercado de trabalho, fortalecendo a integração entre a Universidade e a Sociedade.
Desenvolvimento de competências
O momento atual exige que a formação pós-graduada capacite o estudante de mestrado e doutorado não apenas em competências e habilidades técnico-científicas relacionadas à sua área de atuação, mas que possa lhe conferir competências adicionais (soft skills), imprescindíveis para vida profissional, tais como a criatividade e o pensamento crítico, além de habilidades em liderança, gestão de projetos, resolução de problemas, trabalho colaborativo em equipe e comunicação eficaz. Propomos, portanto, a oferta de disciplinas PRG que abordem tais temas e que possam ser cursadas por estudantes de diferentes áreas de formação.
Analogamente, a inovação pedagógica e a incorporação de tecnologias digitais como parte do percurso formativo no mestrado e no doutorado são prioritárias. Essa integração deve contemplar desde o uso de plataformas de gestão de aprendizagem e ambientes virtuais colaborativos até o domínio de ferramentas avançadas de análise de dados, inteligência artificial, e, quando pertinente, de simulação e modelagem. A adoção de recursos digitais permite enriquecer as metodologias de ensino e pesquisa, favorecendo o trabalho em rede e a interação com parceiros nacionais e internacionais. Além disso, possibilita que os pós-graduandos desenvolvam competências essenciais para o cenário científico contemporâneo, como a produção e gestão de dados de pesquisa segundo padrões de ciência aberta e o uso de repositórios digitais.
Internacionalização
Em parceria com as agências de fomento (Programa CAPES Global, por exemplo), propomos atuar na expansão das ações de internacionalização, com foco no apoio à formação e na consolidação de redes internacionais de pesquisa. Essa estratégia envolve a criação de oportunidades para que docentes e discentes participem de projetos colaborativos com instituições estrangeiras de excelência, incluindo missões de pesquisa, coorientações e a ampliação das oportunidades de estágios de pesquisa no exterior e de programas de dupla titulação.
Monitoramento e avaliação
Ações sustentadas de avaliação são importantes para identificar os sucessos e propiciar o devido compartilhamento de práticas exitosas, como também para apontar oportunidades de aprimoramento em situações de maior fragilidade acadêmica dos programas de pós-graduação. Em paralelo ao processo de avaliação externa da CAPES, propomos que a Pró-reitoria de Pós-graduação promova espaços periódicos de discussão entre docentes e discentes que possibilitem a autoavaliação das práticas e dos resultados e a análise de oportunidades de criação e/ou reestruturação de programas.
A adesão de Programas de pós-graduação ao novo PAPG, recentemente proposto, por si só, exigirá ações de monitoramento e avaliação que possibilitem acompanhar o desempenho acadêmico-científico das novas estruturas. Além disso, a criação de um Observatório de Pós-Graduação, estruturado na PRPG como um núcleo permanente de monitoramento, análise e divulgação de dados e indicadores relacionados a todo sistema de pós-graduação da universidade permitirá aferir resultados e impactos de forma sistemática e consistente.
Potencialização do impacto social
Iniciativas para envolver docentes e pós-graduandos em ações temáticas de pesquisa interdisciplinar voltadas ao enfrentamento de desafios sociais contemporâneos foram recentemente empreendidas com sucesso, em programas cooperativos interinstitucionais, como o Future 17, que focou os Objetivos do Desenvolvimento Estratégico das Nações Unidas. Propomos aprofundar estudos em relação à implementação de ações análogas na USP, em áreas estratégicas, envolvendo inclusive os Centros de Estudos recentemente instalados na Universidade. Tal ação contribuiria para a potencialização do impacto social da pós-graduação.
Programa Centros de Estudos
Defendemos a consolidação dos Centros de Estudos na USP, com diretrizes que visem a excelência acadêmica, a relevância e impacto científico de longo prazo, e a disseminação da ciência. Novos centros poderão ser criados a partir de editais abertos, tendo como princípios estruturantes a multi e interdisciplinaridade, a integração de grupos e docentes de diferentes Unidades, a colaboração com instituições externas à USP, o compartilhamento aberto e a disseminação do conhecimento gerado. Os temas contemplados deverão ser cientificamente relevantes, voltados a políticas de inovação orientadas por Missões de Benefício à Sociedade, alinhados tanto a desafios globais quanto a demandas estratégicas da Sociedade contemporânea. Serão, nesse contexto, estimuladas as Missões Sociais, visando a formação de redes transversais envolvendo múltiplas Unidades da USP, centros de pesquisa e laboratórios, promovendo a ciência inter e transdisciplinar aplicada a temas como justiça social, inclusão produtiva e transformação digital, saúde pública, entre outros.
Programa de Fomento à Pesquisa e Inovação de Base e de Livre Iniciativa (PROBASE)
Visamos preservar a autonomia intelectual que busque descobertas originais, apoiando a diversidade de pesquisas e inovações geradas espontaneamente na USP, em todas as áreas do conhecimento, seja na pesquisa básica, como aplicada, e na inovação. O programa terá editais anuais regulares, de ampla concorrência, que apoiem projetos individuais ou de pequenos grupos já financiados por outras agências de fomento, sem exigência de vinculação a grandes centros ou temas estratégicos pré-definidos, garantindo a liberdade acadêmica e pluralidade de abordagens.
Ética e transparência em Pesquisa e Inovação
A produção de ciência aberta é uma exigência contemporânea global, com a qual estamos comprometidos. Nesse sentido, propomos: consolidar o Roadmap de Ciência Aberta como uma política institucional e promover o compartilhamento de dados e códigos, o que requer estímulo e fortalecimento da infraestrutura para coleta, armazenamento, gestão e divulgação.
Ampliaremos as políticas que garantam a comunicação científica sem custos para autores ou leitores. Incentivaremos práticas, tais como ciência cidadã, alfabetização científica e cursos online abertos e massivos (MOOCs) para as comunidades interna e externa. Criaremos um programa, com auxílio de especialistas em avaliação, em ciências sociais e em políticas públicas, para a criação e validação de métricas qualitativas e quantitativas de impacto social, aplicáveis a pessoas, Unidades, laboratórios, Centros e projetos, difundindo boas práticas e métricas em consonância com a DORA (Declaration on Research Assessment – Declaração de São Francisco sobre Avaliação da Pesquisa), da qual a USP é signatária.
Consolidaremos e ampliaremos as ações do Escritório de Integridade e Proteção à Pesquisa (EIPP) com recursos humanos e tecnológicos adequados para o acompanhamento de projetos estratégicos que envolvam inovação, dados sensíveis e relações com múltiplos setores (governo, empresas, ONGs).
Fortalecimento da relação com a sociedade: Escritório Ciência e Sociedade
Estimularemos as pesquisas e as inovações relacionadas à concepção, proposição, implementação e monitoramento das políticas públicas, voltadas a desafios sociais do país por meio de programas e editais com particular atenção a integrar Ciências Humanas e Artes com outras áreas da USP, visando ampliar seu impacto social. Nesse sentido será revista a atuação do Escritório de Parcerias (EPar), reorganizado como Escritório Ciência e Sociedade, de modo a consolidar o processo crescente de abertura e diálogo com a Sociedade. Tal movimento traduz-se tanto na participação cada vez mais expressiva de representantes da Sociedade civil em instâncias de deliberação e cooperação com a Universidade, quanto na presença ativa da USP em iniciativas de impacto social, cultural, econômico e ambiental no Brasil.
Entretanto, o intercâmbio entre ciência e Sociedade ainda se coloca como um dos maiores desafios contemporâneos. A produção de conhecimento científico, para além de seu valor intrínseco, precisa ser traduzida em práticas, políticas e inovações que respondam às demandas sociais, assegurando que a universidade cumpra plenamente sua função pública. Nesse sentido, o Escritório Ciência e Sociedade surge como instância estratégica destinada a institucionalizar e aprofundar as interações entre a USP e distintos segmentos sociais, incluindo organizações não governamentais, movimentos sociais, setor privado, órgãos públicos e meios de comunicação.
A função precípua do Escritório será a de estreitar, de forma estruturada e permanente, as relações entre a Universidade e a Sociedade, que definem a Extensão Universitária. Isso implicará não apenas mecanismos de difusão científica, mas também a criação de canais de escuta ativa, de coconstrução de agendas de pesquisa e de avaliação conjunta dos impactos sociais do conhecimento produzido.
Experiências internacionais demonstram a relevância e eficácia de estruturas dessa natureza. A University College London (UCL) mantém o Public Engagement Unit, que desenvolve metodologias participativas para aproximar a pesquisa universitária das comunidades locais. A Stanford University, por meio do Center for Advanced Study in the Behavioral Sciences (CASBS), promove o diálogo interdisciplinar entre cientistas e líderes sociais e políticos. Já a Université de Genève criou o Science-Society Interface Office, com o objetivo explícito de democratizar o acesso ao conhecimento científico e estimular processos de “coprodução de saberes”.
Tais exemplos indicam que um Escritório Ciência e Sociedade na USP poderá contribuir para uma universidade mais permeável, capaz de transformar ciência em bem público e de consolidar sua posição como referência global na integração entre produção acadêmica e responsabilidade social.
Incentivaremos propostas para o Programa de Pesquisa em Políticas Públicas da FAPESP e a formação de redes interinstitucionais e interdisciplinares em Humanidades, unindo a Academia aos setores públicos e à Sociedade para otimizar políticas públicas municipais, regionais e globais. Especial atenção será dada para fomentar e preencher lacunas na cooperação científica, com foco além do eixo Sudeste e do Norte Global.
Ampliação e qualificação dos recursos humanos e processos para Apoio à pesquisa e à inovação
Propomos um estudo das necessidades de contratação de especialistas e técnicos com vistas a garantir a sustentabilidade das pesquisas, com atenção especial para a operação de equipamentos em centrais multiusuários. Serão criados programas de capacitação de servidores para atividades-meio, de modo a fortalecer os escritórios de apoio à pesquisa e inovação, visando reduzir a sobrecarga burocrática sobre docentes e otimizar a compra de insumos e contratação de serviços, implementando plenamente o Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação, assegurando decisões qualificadas e juridicamente robustas no âmbito da USP. Serão ampliadas as atividades do Escritório de Apoio a Financiamentos Internacionais de Pesquisa (EFIP) com o objetivo de prospectar potenciais oportunidades de fomento externo e apoiar docentes e pesquisadores nas iniciativas de captação de recursos.
Desenvolvimento docente e de servidores técnico-administrativos em pesquisa
Fomentaremos iniciativas de desenvolvimento profissional para a pesquisa e suas ações de apoio para docentes e servidores técnico-administrativos por meio de capacitações no uso de ferramentas emergentes (como inteligência artificial, ciência de dados, programação), ciência aberta, gestão de projetos e uso de recursos digitais de pesquisa, entre outros temas, em parceria com o Programa de Desenvolvimento Profissional Docente (PDPD) e a Escola USP de Gestão.
Implementaremos também programas de acolhimento e mentoria para novos docentes, abordando procedimentos administrativos, estratégias de captação de recursos, integração em laboratórios multiusuários e em redes de pesquisa, entre outros temas relevantes de pesquisa e inovação.
Ampliação de acesso aos alunos de Graduação e de Pós-Graduação e aos pós-doutorandos
Serão criados programas de capacitação para auxiliar na produção de projetos e utilização de IA no ambiente de pesquisa. Visando ampliar a empregabilidade, propomos programas voltados aos pós-doutorandos que promovam oportunidades de atuação profissional com vistas a uma futura carreira acadêmica ou em órgãos públicos ou privados. Ampliaremos e diversificaremos o programa de residência NIDUS, expandindo-o para os campi do interior, com foco especial no período de pré-incubação de ideias e captação de recursos para projetos de base científica, fortalecendo o pipeline entre formação e criação de inovação. Valorizaremos iniciativas de inovação transdisciplinar desenvolvidas por estudantes como Atividades de Extensão Universitária (AEx), com inserção formal nos currículos por meio de créditos acadêmicos.
Infraestrutura física e tecnológica, estruturação e ampliação das áreas de Pesquisa e Inovação
A manutenção da excelência da pesquisa e da inovação na USP demanda investimentos consistentes em diversas frentes. Visamos a consolidação do sistema de ambientes e centrais multiusuários, incluindo uma governança clara, adequações de espaços físicos e manutenção (inclusive a preventiva) de equipamentos, com apoio à infraestrutura compartilhável, inclusive as redes de computação de alto desempenho, a ampliação do sistema de computação em nuvem, e o acesso a sistemas de inteligência artificial, entre outros. Investiremos na melhoria de redes de gerenciamento, compartilhamento e guarda de dados e, preservação e digitalização de acervos. Faz-se necessária a adequação dos biotérios à legislação, atendendo à necessidade de licenciamento que ocorrerá em 2028, e contratação de limpeza por terceiros.
Estabeleceremos um sistema racionalizado de competências administrativas dentro da área de Pesquisa e Inovação, promovendo a saudável articulação entre as diferentes instâncias e programas (AUSPIN, InovaUSP, I3, CEPIDs, CEPIXs, CPEs, unidades Embrapii), bem como promoveremos a avaliação e a articulação de nossos programas institucionais (FGA – Formação em Gestão Acadêmica de Projetos; PGI – Programa de Gestão da Inovação, entre outros).
Serão intensificadas parcerias com instituições nacionais como FORTEC, ANPROTEC, ANPEI, SEBRAE, SENAI, SENAC e entidades industriais, além de acordos operacionais já firmados com UNICAMP, UNESP e outras universidades públicas.
Serão fortalecidos, dentro de projetos de modernização dos espaços de incubação e parques tecnológicos da USP, os ambientes de interação com a Sociedade, além dos limites tradicionais do núcleo acadêmico, preservando o núcleo gerador do conhecimento acadêmico, ao mesmo tempo em que se fomenta conexões estruturadas com entidades dos setores público e privado, e a Sociedade civil organizada.
Fortaleceremos o ecossistema de Inovação da cidade e estado de São Paulo, com protagonismo na articulação do Distrito de Inovação da Cidade de São Paulo, como vetor transformador regional, sendo hoje considerado na América Latina entre os 100 melhores do mundo. A USP buscará atuar como âncora estratégica, protagonizando e promovendo inovação inclusiva e regenerativa, em alinhamento com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Valorização e avaliação
Métricas e indicadores devem ser aperfeiçoados para registro sistemático, divulgação, monitoramento e avaliação das atividades de Cultura e Extensão, de forma dialógica e atenta às especificidades das diversas áreas do conhecimento, com o objetivo de aferir resultados e, especialmente, seus impactos para a Sociedade. Particularmente, nos cursos de graduação, a avaliação deve, necessariamente, abranger as Atividades Extensionistas (AEX) e as atividades curricularizadas dessa natureza cumpridas em disciplinas obrigatórias e optativas.
Uma atenção especial deve ser dada à valorização do envolvimento de docentes e servidores técnico-administrativos em atividades de Cultura e Extensão, nos processos de contratação e progressão de carreira. Propomos também promover, de forma sustentável e contínua, o desenvolvimento profissional de docentes e servidores técnico-administrativos para apoio e condução das atividades, e de captação de recursos para tais atividades, ampliando a atuação do Escritório de Valorização da Extensão (EVEX) da PRCEU e valendo-se de iniciativas a serem promovidas pelo Espaço de Desenvolvimento Docente (EDD) e a Escola USP de Gestão.
Adicionalmente, propomos implementar a avaliação periódica dos órgãos e programas da PRCEU, que contemple vocação, objetivos, modo de funcionamento, desempenho, necessidades estruturais e funcionais, de modo a identificar oportunidades de aprimorar a efetividade e impacto de suas ações e incentivar o desenvolvimento de propostas inovadoras e colaborativas de atuação, orientando, consequentemente, as decisões estratégicas da Pró-Reitoria quanto à definição de prioridades e alocação de recursos orçamentários.
Sustentabilidade
Defendemos o estabelecimento de parcerias interinstitucionais com os setores público e privado, visando revitalizar e consolidar museus e demais espaços culturais da USP, importantes portas de entrada da Sociedade ao ambiente universitário e ambientes reconhecidamente qualificados para o desenvolvimento de ações relevantes de cultura e extensão, articulando-as com políticas públicas para o setor cultural.
Para garantir a sustentabilidade, propomos, ainda, que a PRCEU a promova com regularidade editais temáticos e chamadas programadas para fomento às atividades de Cultura e Extensão, estimulando e apoiando iniciativas com protagonismo discente e supervisão docente, em aderência às demandas acadêmicas e à vocação pública da Universidade. Para tal, será importante reestabelecer um fundo específico de apoio na PRCEU.
Integração
Reconhecemos a importância do processo de curricularização da Extensão Universitária, de modo a garantir o cumprimento de 10% da carga horária dos cursos em graduação em atividades de extensão baseadas em processos educativos, culturais, científicos e tecnológicos, com impacto social e articulação com ensino e pesquisa. Tais atividades devem envolver protagonismo discente, supervisão docente e interação com a Sociedade, em consonância com os projetos acadêmicos de Departamentos e Unidades. Entendemos que a curricularização pode se dar, de forma sinérgica e complementar tanto em disciplinas cujas ementas definam uma parte estruturante de extensão, como por meio de AEX, cadastradas pelas Comissões de Cultura e Extensão (CCEX) das Unidades e pela PRCEU.
Defendemos o fomento à interdisciplinaridade na oferta e execução das atividades extensionistas, de modo a propiciar a necessária troca de saberes na proposição de soluções para os desafios complexos da Sociedade contemporânea, sistematizados nos ODS da Agenda Global das Nações Unidas para 2030. Para tanto, propomos criar o Programa USP Integra Ação, no âmbito da PRCEU, para amplificar a divulgação e apoio à integração das AEX desenvolvidas em Unidades de Ensino e Pesquisa, Museus, Institutos Especializados, nos órgãos próprios da PRCEU ou em outros espaços.
Propomos a ampliação da atuação da PRCEU no ensino formal, por meio da oferta de disciplinas optativas livres voltadas à formação humanística, cultural e cidadã, abertas a todos estudantes de todos os cursos da USP, de modo a contribuir para ampliação do repertório cultural, promover sensibilidade estética e desenvolver competências e habilidades não trabalhadas nos cursos de graduação.
Vamos rever as diferentes possibilidades de cursos de extensão da USP (difusão, atualização, aprimoramento, especialização) com vistas a racionalização dos processos, aumento da flexibilidade, agilidade, melhoria da comunicação e, principalmente, apoio aos docentes e servidores envolvidos, garantindo reconhecimento de suas atividades. As tecnologias digitais e o ensino remoto síncrono e assíncrono tiveram importante avanço durante a pandemia da COVID-19, e as experiências exitosas dos cursos de extensão devem servir de parâmetros para outras instâncias formativas.
Estimularemos a internacionalização das ações de Cultura e Extensão da USP, promovendo o estabelecimento de articulações institucionais estratégicas com Universidades e organismos estrangeiros de fomento à cultura.
Participação
Defendemos o aperfeiçoamento do Programa USP e as Profissões, reconhecidamente um dos mais importantes Programas da PRCEU, resgatando seu formato presencial, tendo em vista sua relevância para a Sociedade, buscando-se reforçar sua exequibilidade, sustentabilidade financeira e impacto social.
Propomos fortalecer as ações artísticas e culturais descentralizadas, estabelecendo uma agenda anual integrada e/ou a realização de festivais USP de cultura (teatro, cinema, música, dança, exposições). Tal ação contribuirá para promover maior visibilidade, sinergia e capilaridade para as atividades, bem como a circulação entre os campi da USP, incentivando-se ações itinerantes e o estabelecimento de parcerias com gestores municipais e setores artísticos e culturais das comunidades locais e com artistas egressos da USP, em parceria com o Escritório Alumni.
Para ampliar o alcance e efetividade da comunicação com a comunidade acadêmica e com a Sociedade em geral, fortaleceremos parcerias entre as Assessorias de Imprensa das Unidades/Museus/Institutos Especializados, a PRCEU e a Superintendência de Comunicação Social da USP, articulando as mídias tradicionais e as mídias sociais na divulgação das atividades para a consolidação da presença pública da USP no cenário cultural. Planejamos desenvolver, em parceria com a STI, um aplicativo institucional para divulgar a agenda cultural, com interface amigável e funcionalidades de busca por temas, locais e datas.
Promoveremos o Festival USP Criativa e o Congresso de Ações Culturais e Extensionistas – CONACEX), para valorizar e celebrar a produção artística e cultural e as atividades extensionistas da USP, compartilhar boas práticas, divulgar resultados à comunidade universitária e a nossos parceiros da Sociedade, contribuindo para ampliar a transparência, consolidar a imagem pública da Universidade, estimular a transversalidade da arte, ciência e cultura, e contribuir para o impacto social da Universidade.
Instituiremos programas regulares de residências artísticas e científicas, e projetos de Extensão em parceria com instituições públicas e privadas, de modo a promover a imersão criativa, a inovação acadêmica, o diálogo entre teoria e prática, incentivando a condução de projetos interdisciplinares e o intercâmbio qualificado com a Sociedade.
Buscaremos oportunidades de discussão e estreitamento de vínculos com egressos da USP e de estabelecimento de parcerias interinstitucionais com outras Universidades públicas paulistas (estaduais e federais), instituições culturais da Sociedade civil, escolas públicas, movimentos sociais, fundações e o setor privado, de modo a poder ampliar sua participação como correalizadores, financiadores ou cedentes de espaços para as ações culturais da Universidade. Para isso, será fundamental o papel do Fundo Patrimonial, do Escritório de Parcerias e do Setor de Convênios da CODAGE, para que sejam buscadas parcerias com sinergia aos princípios e valores da Universidade, com objetivos bem definidos e que possam trazer benefício imediato ou a médio prazo tanto para nossos cursos quanto para a Sociedade, que será a maior beneficiada por essas ações.
Ações como essas podem potencializar significativamente a atuação da PRCEU, fortalecendo a imagem da USP e a presença cultural da USP e a execução de atividades extensionistas, reforçando, assim, seu alcance e impacto social.
Apoio à inclusão e à permanência estudantil
O sucesso das políticas de inclusão para ingresso na USP, com estabelecimento de ações afirmativas étnico-raciais, de renda e baseadas no tipo de formação escolar pré-universitária (egressos do Ensino Médio exclusivamente público), ampliou expressivamente a diversidade estudantil nos últimos anos e enriqueceu o ambiente universitário ao propiciar uma convivência mais plural entre docentes e discentes. Defendemos, portanto, a continuidade da política atualmente vigente.
Defendemos, ainda, a necessidade de prosseguir investindo no apoio à permanência estudantil com o objetivo de garantir o êxito dos percursos formativos de todo o nosso corpo discente de graduação e de pós-graduação. Ações foram empreendidas nos últimos anos para garantir a sustentabilidade das políticas de apoio à permanência estudantil e resultaram em efetiva aproximação da Universidade com órgãos governamentais (Secretaria de Estado da Educação) e parceiros da Sociedade civil, o que permitiu potencializar nosso compromisso de apoiar as trajetórias acadêmicas de estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica.
Propomos, assim, seguir apoiando e aprimorando tais iniciativas. Entendemos ser importante buscar diversificar sua ação com a diferenciação do valor dos auxílios-permanência (PAPFE) para estudantes de graduação, de acordo com o turno do curso (integral ou parcial – matutino, vespertino ou noturno), critério relevante para que os recursos investidos potencializem o sentido de equidade da política. Em parceria com a PRG e a STI propomos ampliar as iniciativas de desenvolvimento de ferramentas analíticas que permitam monitorar o impacto das políticas de apoio à permanência estudantil no desempenho escolar dos estudantes, de modo a munir os gestores da graduação de informações que lhes permitam atuar efetivamente no devido apoio aos estudantes, buscando garantir sucesso em seus percursos formativos.
Bem-estar no campus
Igualmente relevantes têm sido as ações de aprimoramento da ambiência em nossos campi, com nítidos benefícios à coletividade da comunidade acadêmica com a melhoria de instalações físicas em ambientes de ensino e pesquisa, espaços culturais, e com a criação de novos espaços de convivência.
Os esforços de adequação das moradias e restaurantes estudantis devem continuar, buscando-se apoiar também melhorias na oferta de transporte nos campi. Particularmente em relação ao Conjunto Residencial da USP (CRUSP) no Butantã, propomos ampliar o acesso à rede móvel de telefonia e à internet, com ações sinérgicas da PRIP, SEF e STI.
Equidade de gênero
A promoção do respeito à diversidade no ambiente acadêmico é uma de nossas preocupações. Consideramos imperativa e urgente a retomada de políticas iniciadas no extinto Escritório USP Mulheres no sentido de fortalecer políticas de formação e organização institucional dirigidas à promoção de pertencimento e equidade relacionada ao gênero.
Atenção especial será dada para o ingresso e ascensão de mulheres nas carreiras da Universidade e o combate a todas as formas de discriminação e violência de gênero. Destacam-se programas interrompidos, destinados às campanhas educativas para servidores da guarda universitária, bem como campanhas de fomento ao desenvolvimento acadêmico de mulheres, principalmente mães e docentes recém-contratadas. Nesse sentido, é importante dar continuidade ao projeto de revisão das normas da USP, com inserção da perspectiva de gênero. Aqui, a intersecção com o recorte racial e de deficiência é muito importante.
Inclusão de pessoas com deficiência
Implementaremos uma política mais avançada e com ações concretas e procedimentos claramente definidos no que se refere às Pessoas com Deficiência (PCD), adotando a identificação por meio da avaliação biopsicossocial para uma abordagem da deficiência como resultado da interação entre a pessoa com impedimentos de longo prazo e barreiras sociais e ambientais, promovendo assim os talentos das pessoas com deficiência, em vez de focar suas limitações.
Daremos especial atenção à implementação da recente Lei Estadual 18.167/2025, que estabelece a reserva de vagas de ingresso para estudantes com deficiência nas Universidades Públicas Estaduais Paulistas.
Reforçaremos a relevância da implementação plena das CIPs nas Unidades de Ensino e Pesquisa, para estabelecer cultura de inclusão e defesa das acessibilidades, com destaque para o anticapacitismo, promovendo a identificação dos talentos das pessoas com deficiência, liderando formação e empregabilidade customizada e potencializada.
Fomentaremos uma cultura efetiva das acessibilidades arquitetônica, atitudinal, comunicacional, digital, instrumental, metodológica e programática, da inclusão e do pertencimento da pessoa com deficiência em todos os espaços da Universidade. Desenvolveremos, em parceria com todas as Pró-reitorias, órgãos da Administração Central e Prefeituras dos campi, protocolos de acessibilidade a serem adotados nas atividades acadêmicas e técnico-administrativas conduzidas na Universidade.
Desenvolvimento profissional
Investiremos no apoio ao desenvolvimento de ações continuadas de aperfeiçoamento técnico e formação de caráter humanístico, como parte dos programas de desenvolvimento docente e de desenvolvimento individual (PDI), com vistas ao fortalecimento da cultura de inclusão e pertencimento na Universidade. Tais iniciativas serão apoiadas por editais de fomento e promovidas em parceria com o Espaço de Desenvolvimento Docente e a Escola de USP de Gestão, com garantia de dispensa do horário de trabalho, quando necessário, visando a promoção da Educação inclusiva em todos os níveis de formação e a capacitação da comunidade acadêmica em temas relativos à diversidade.
Saúde mental
O sofrimento psíquico é um agravo à saúde cuja frequência tem se elevado nos tempos recentes, particularmente na população mais jovem. Tal situação é relevante no ambiente acadêmico, no qual agentes estressores diversos e a competitividade atuam como fatores desencadeantes, nos últimos tempos acrescidos pelo uso antiético e abusivos de mídias sociais.
Reconhecendo o tema como prioritário para a comunidade da USP, propomos buscar maior integração entre PRIP, SAU (Superintendência de Saúde) e a rede de cuidado à Saúde Mental do SUS para o desenvolvimento de ações de promoção e cuidado em saúde mental com maior potencial de resolutividade. Entendemos que para o estabelecimento de um trabalho em rede, que possa amplificar o potencial de acolhimento e intervenção, será importante articular as iniciativas implementadas pela PRIP (escuta e acolhimento) com as disponíveis nos recursos direta ou indiretamente ligados à USP (serviços assistenciais oferecidos por Unidades de Ensino, Unidades de atenção primária e hospitais próprios – Centro de Saúde Escola, HU) e hospitais associados (Hospitais das Clínicas) e também na rede de atenção à saúde do SUS.
Direitos Humanos
A promoção e proteção dos direitos humanos, bem como o enfrentamento das violações desses mesmos direitos constituem valores fundamentais da Universidade de São Paulo. Comprometemo-nos a garantir a continuidade de ações institucionais efetivas de combate a qualquer tipo de discriminação no âmbito da Universidade, promovendo a educação inclusiva e adotando práticas de respeito à diversidade, à pluralidade de ideias e de defesa da democracia no cotidiano de nossa vida institucional.
Ampliaremos as iniciativas de formação para o conjunto da comunidade universitária em relação à conduta ética, ao respeito à diversidade e à promoção, proteção de direitos, buscando estabelecer parcerias sinérgicas entre a PRIP, a Comissão de Ética da USP e as Comissões de Ética e/ou de Direitos Humanos das Unidades, por meio de iniciativas de capacitação promovidas pelas Pró-reitorias, pelo Espaço de Desenvolvimento Docente e pela Escola USP de Gestão.
Daremos especial apoio à implantação do SUA – Sistema USP de Acolhimento, Registro e Responsabilização para Situações de Assédio, Violência, Discriminações e Outras Violações de Direitos Humanos, espaço democrático privilegiado de escuta e acolhimento em situações dessa natureza. Igualmente importante será apoiar a construção participativa de protocolos de conduta para enfrentamento das violações de direitos, com a devida atualização do regime disciplinar da Universidade, alinhando-o aos preceitos democráticos estabelecidos na Constituição Federal de 1988.
Monitoramento e avaliação
Considerando que a implementação de políticas de inclusão e pertencimento de forma sistêmica é recente na Universidade, consideramos essencial definir, em parceria com as demais Pró-reitorias, EGIDA, STI e outros órgãos da Universidade envolvidos, métricas e indicadores de acompanhamento de seu desempenho, de modo a contribuir para a definição de prioridades para atuação da PRIP e para identificar oportunidades de aprimoramento das políticas e programas em curso.
Tal ação será fundamental para monitorar a incorporação das temáticas de inclusão e pertencimento nos projetos acadêmicos de departamentos e Unidades, bem como para permitir que sejam avaliados resultados e impactos das políticas e programas em andamento e instruir a proposição de iniciativas futuras.
Fortalecer o posicionamento institucional internacional
A USP deve consolidar-se como liderança acadêmica nos debates políticos e científicos globais. Para isso, é essencial participar ativamente de fóruns internacionais relevantes, como G20, BRICS, COP, ONU e FAO, além de fortalecer a AUCANI como órgão estratégico de articulação.
Propomos posicionar a AUCANI como instância de articulação internacional, apoiando as diferentes iniciativas da USP e atuando como um promotor de comunicação com embaixadas, consulados, ministérios e organismos multilaterais, de modo a zelar pelo diálogo e ações permanentes com órgãos governamentais e instituições internacionais prioritárias, garantindo presença contínua da USP em espaços de formulação de políticas científicas e educacionais. Reforçaremos a integração da AUCANI com Pró-Reitorias, EGIDA, Gabinete da Reitoria, Conselho Universitário, Centros de Estudos, e diversas outras iniciativas de cooperação internacional, assegurando coerência institucional. Garantiremos nossa participação ativa em fóruns globais estratégicos, com ênfase especial nas arenas em que o Brasil exerce liderança no Sul Global. Desenvolveremos parcerias institucionais multidimensionais com América Latina, Índia e África, por meio de convênios estruturantes e projetos de cooperação que articulem ensino, pesquisa e inovação, e cultura e extensão. Atenção especial será dada à cooperação com países de língua portuguesa.
Expandir redes globais em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação
A AUCANI deve atuar como catalisadora de projetos internacionais, articulando redes acadêmicas interdisciplinares e parcerias com instituições de excelência no mundo todo. A governança integrada entre AUCANI, Pró-Reitorias, Unidades e Centros é fundamental para ampliar a captação de recursos internacionais e o protagonismo da USP.
A Agência deverá coordenar iniciativas interinstitucionais estruturadas, incluindo consórcios internacionais temáticos com foco anual em desafios globais. Implementaremos um sistema integrado de governança e gestão de projetos internacionais, assegurando eficiência na captação e uso de recursos externos. Mapearemos e estruturaremos núcleos de excelência em pesquisa cooperativa, conectando a infraestrutura existente a demandas globais e estabelecendo parcerias com CNRS, Instituto Pasteur, INRAE e Centro USP-China. Ampliaremos parcerias com países do Sul Global, especialmente Índia e países da África, com ênfase em sustentabilidade, segurança alimentar, saúde planetária e transição energética. Estabeleceremos critérios para selecionar projetos com potencial de impacto internacional, priorizando inovação, inclusão, sustentabilidade e articulação com políticas públicas.
Impulsionar a internacionalização curricular e a atração de talentos globais
A USP deve ser reconhecida como ambiente acadêmico multicultural, promovendo a internacionalização curricular como eixo central da formação global. Isso inclui a incorporação de metodologias e conteúdos internacionais, currículos flexíveis e conectados às grandes agendas globais, além de práticas pedagógicas inclusivas.
Propomos revisar currículos com perspectiva global, garantindo compatibilidade com sistemas internacionais e integrando pesquisa, extensão e desenvolvimento com créditos acadêmicos. Criaremos oportunidades de inserção (em aulas, palestras, seminários) de docentes de universidades e institutos de pesquisa estrangeiros em atividades de ensino na graduação e na pós-graduação. Desenvolveremos programas conjuntos com universidades estrangeiras, criando disciplinas de graduação e de pós-graduação e cursos colaborativos de extensão universitária em formatos híbridos ou online. Estruturaremos e ampliaremos cursos de curta duração para públicos internacionais em áreas de excelência da USP, estimulando também a internacionalização em casa, com interação entre estudantes brasileiros e estrangeiros. Instituiremos a Iniciação Científica Internacional como instrumento para atrair jovens talentos e estimular a pesquisa colaborativa desde a graduação, fortalecendo a integração com centros internacionais.
Comunicação e impacto para mudança global
A USP deve consolidar-se como agente de transformação internacional, com uma comunicação institucional clara, acessível e multilíngue, que amplifique a visibilidade de suas ações científicas, educacionais e culturais.
Para tanto, implementaremos uma estratégia de comunicação institucional que valorize a diversidade linguística e divulgue a produção científica e social da USP em nível global. Desenvolveremos campanhas de visibilidade que mostrem o papel transformador da Universidade frente a desafios globais, com base em evidências. Capacitaremos docentes, técnicos e gestores em diplomacia científica e institucional, por meio de programas contínuos de formação em comunicação intercultural, negociação multilateral e atuação em redes internacionais. Fortaleceremos canais de interlocução com a Sociedade e atores internacionais, utilizando meios digitais, redes acadêmicas e eventos científicos.
Infraestrutura e suporte para internacionalização
O fortalecimento da internacionalização exige uma base institucional sólida, processos eficientes, recursos acessíveis e cultura organizacional colaborativa.
Propomos a implantação de processos administrativos digitalizados e padronizados, assegurando eficiência e transparência nas relações com parceiros internacionais e aprimoramento do Sistema Mundus, de modo a integrá-lo a outros sistemas da USP, consolidando indicadores e ampliando a rastreabilidade de ações. Intensificaremos a articulação entre AUCANI e as Unidades, com fluxos internos mais ágeis e alinhados às diretrizes institucionais. Garantiremos a presença da AUCANI nos Conselhos Superiores como convidada permanente. Ampliar redes de acolhimento para estudantes internacionais, especialmente do Sul Global, oferecendo os suportes necessários. Estabeleceremos programas em parceria com a PRIP e PRCEU para fortalecer a formação linguística e intercultural, além de ações que promovam diversidade no ambiente universitário. Desenvolveremos projetos com PRPG e PRG para que a internacionalização alcance graduação, pós-graduação e formação continuada. Ofereceremos capacitação contínua em competência multilíngue para docentes e servidores. Conceberemos um modelo estratégico de comunicação institucional externa alinhado aos valores da USP. Implementaremos programa de formação em diplomacia científica e institucional para gestores, capacitando lideranças para atuarem em contextos globais.
Promoveremos estudo para ampliação de servidores técnico-administrativos dedicados a internacionalização nas diferentes unidades e administração central.
Monitoramento e avaliação
A efetividade da política de internacionalização será assegurada por um sistema contínuo de monitoramento e avaliação, orientado por indicadores estratégicos e construído em colaboração com a EGIDA e as Unidades da USP.
Será instituído o Encontro Anual da AUCANI, reunindo Unidades Acadêmicas para compartilhar experiências, acompanhar a execução das diretrizes e identificar desafios emergentes. Além disso, os indicadores incluem: fluxo de estudantes, docentes e técnicos em mobilidade; volume e diversidade de recursos captados; produção acadêmica internacional; satisfação da comunidade internacional na USP; perfil dos egressos com experiência internacional; e posicionamento da USP em rankings globais.
Esse conjunto de ações e métricas consolidará uma cultura de avaliação baseada em evidências e voltada à melhoria contínua da política internacional da Universidade.
Diplomacia científica e de inovação
No âmbito da Agência USP de Cooperação Acadêmica Nacional e Internacional (AUCANI), será fomentada a Diplomacia Científica e de Inovação, como ação estratégica e operacional destinada a fortalecer o papel da USP como ator global na interface entre ciência, tecnologia e política internacional. Tal iniciativa deverá articular a expertise científica da Universidade com as demandas emergentes do sistema internacional, funcionando como um hub de inteligência em ciência, tecnologia e inovação (CT&I) aplicada à diplomacia, na formulação de políticas de cooperação científica internacional; no apoio aos processos de internacionalização de unidades acadêmicas, na capacitação de agentes institucionais em diplomacia científica e inovação; e na ampliação da visibilidade internacional da Universidade, reforçando sua inserção em fóruns globais de CT&I.
Com essa estrutura, a USP consolidará um modelo pioneiro de governança acadêmica, posicionando-se entre as universidades líderes que institucionalizaram a diplomacia científica como ferramenta para cooperação e inovação acadêmica.
Valorização das carreiras de servidores docentes e técnico-administrativos
A valorização das carreiras é um dos pilares centrais de nossa proposta e será um dos nossos principais compromissos. Considerando a recente revisão realizada nos formatos dos concursos docentes e aprimorando mecanismos de progressão vertical e horizontal de todos os servidores (docentes e técnico-administrativos), buscaremos valorizar todas as etapas de ambas as carreiras, possibilitando que cada servidor possa ter sua dedicação e empenho devidamente valorizados e crescer individualmente, com perspectivas concretas de desenvolvimento profissional ao longo de sua carreira na Universidade.
– Docentes: a progressão vertical seguirá pontuada pelos concursos de livre-docência e professor titular, enquanto a progressão horizontal será revista para permitir maior previsibilidade e continuidade, de acordo com o perfil acadêmico das Unidades e a disponibilidade orçamentária.
– Servidores técnico-administrativos: o ingresso nos diferentes níveis básico, técnico e superior permanece vinculada a concursos públicos, mas a progressão dentro do nível de carreira do servidor será aprimorada por meio dos planos de desenvolvimento individual (PDI), já elaborados durante a atual gestão, voltados ao aprimoramento da capacitação e do desempenho profissional. Propomos, ainda, conduzir um estudo participativo que avalie as possibilidades de reorganização dos diferentes degraus estabelecidos para cada nível da carreira.
No início da gestão, será atribuída prioridade à discussão de parâmetros de valorização de carreiras de docentes e de servidores técnico-administrativos, buscando garantir a isonomia em relação a outras universidades estaduais públicas, quando possível, mas considerando particularidades dos contratos de trabalho e possibilidades de reconhecimento de atividades complementares. Para tal avaliaremos junto aos órgãos jurídicos e financeiros da Universidade e demais instâncias competentes, a viabilidade de instituir um programa especial de valorização das carreiras de servidores docentes e servidores técnico-administrativos, garantindo cumprimento rigoroso dos parâmetros de sustentabilidade financeira da Universidade. Tal programa articulará iniciativas de capacitação organizacional e de desenvolvimento profissional, com participação voluntária e previsão de mecanismos de avaliação periódica.
A Escola USP de Gestão será fortalecida, com apoio ao desenvolvimento contínuo dos programas de capacitação e desenvolvimento profissional, e à oferta de mentoria para recém-contratados, ampliando competências digitais e uso responsável e ético da inteligência artificial.
Aposentadorias
Certos da relevância da fase pré-aposentadoria, propomos Planos de Apoio que auxiliem servidores docentes e técnico-administrativos no planejamento financeiro, de saúde e psicológico para que a nova condição de “aposentado” não se transforme em uma preocupação, mas represente um reconhecimento mais que merecido por todo o esforço de anos de dedicação à Universidade. Tranquilidade e segurança são pontos fundamentais e devemos nos preocupar com isso. O Departamento de Recursos Humanos deverá também acompanhar atentamente os impactos da renovação do quadro de pessoal, assegurando a reposição de vagas e a integração de novos contratados às Unidades e órgãos da administração, garantindo a continuidade de suas atividades mais importantes.
As últimas reformas previdenciárias modificaram as políticas de remuneração docente após a aposentadoria para uma parcela significativa de nossos professores e professoras. Propomo-nos discutir de forma participativa mecanismos de valorização que possam ser, mesmo que parcialmente, compensatórios às perdas ocorridas, compatíveis com a sustentabilidade financeira da USP.
Atenção à saúde e benefícios a docentes e servidores técnico-administrativos
Entendemos ser importante a manutenção do Plano de Saúde, criado na atual gestão e nos propomos a avaliar seu impacto, com possibilidade de ampliação.
Propomos revisar as rotinas de trabalho dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT), ligados à Divisão de Saúde Ocupacional da SAU e sediados nos vários campi, visando aprimorar a agilidade e resolutividade na tomada de decisões. Particularmente no campus do Butantã, será necessário definir as atribuições executivas e operacionais da SAU (UBAS), diferenciando-as das de competência do Hospital Universitário.
Nossa proposta também buscará incentivar práticas preventivas, como programas de atividade física, com o apoio fundamental dos centros de prática esportivas disponíveis. Será também avaliada a possibilidade de estabelecimento de parcerias com academias ou outros equipamentos para prática esportiva, como já ocorre em diversas instituições públicas (modelo Wellhub/Gympass).
Os benefícios do Vale Refeição e Vale Alimentação serão reavaliados quanto à possibilidade de reajustes nos valores e formatos de concessão.
Serão estudadas possibilidades de implementação de gratificações de reconhecimento pelo engajamento institucional, envolvendo a discussão de mecanismos vinculados à avaliação de desempenho, para estimular excelência acadêmica, seja em relação às atividades-meio, como às atividades-fim.
Propomos, ainda, ações voltadas à valorização das pessoas extensivas à comunidade universitária como um todo, de modo a beneficiar estudantes, docentes e servidores técnico-administrativos, que incluem o fortalecimento de políticas de promoção da saúde mental, mediação de conflitos, apoio psicológico e incentivo ao bem-estar e à qualidade de vida no ambiente de estudo ou de trabalho, condições essenciais para garantir o pleno desenvolvimento das competências e potencialidades individuais. Ações de integração comunitária e bem-estar de maior impacto incluem incentivo ao esporte e à participação em atividades culturais e sociais em todos os campi. Nesse sentido, faz-se fundamental a integração de iniciativas promovidas por todas as Pró-Reitorias e órgãos da administração pertinentes.
Otimização e integração de processos técnico-administrativos
As ações propostas buscam conferir maior transparência, agilidade e eficiência a todos os processos técnico-administrativos. Destacamos:
– Implementação plena da Lei 14.133/2021, que estabelece o regramento para Licitações e Contratos Administrativos, estimulando, sempre que possível, compras e contratações compartilhadas entre os diferentes órgãos da Universidade, alinhando os processos de aquisição e distribuição de insumos de uso geral. É imperativo que sistemas digitais integrados, como o SEI, e o uso de Inteligência Artificial, sejam amplamente empregados e que as equipes técnicas envolvidas nas ações descentralizadas sejam apoiadas pela Administração Central da Universidade, sempre que necessário. A integração e coordenação da gestão de recursos deverá se constituir em importante suporte para a execução orçamentária de Unidades e órgãos centrais.
Infraestrutura, obras, AVCB e Planos Diretores
Tratar de investimento em infraestrutura, manutenção e seguridade patrimonial significa para nós essencialmente valorizar as pessoas e reafirmar nosso compromisso com a consecução dos objetivos estratégicos da Universidade. Essa será, portanto, uma de nossas principais prioridades. Apesar do grande avanço que tivemos nos últimos anos, são inegáveis as dificuldades ainda encontradas para executar as intervenções necessárias na manutenção de nossas edificações, para aprimorar a ocupação dos espaços comuns e para a ampliação de instalações ou criação de novas estruturas. Alguns projetos propostos pelas Unidades, que poderiam garantir melhores condições para o ensino e a pesquisa, encontram-se paralisados por diversos entraves e justificativas administrativas, mas que prejudicam a continuidade das atividades acadêmicas. É importante considerar que as estruturas que requerem atenção e cuidado especial envolvem salas de aula, laboratórios de ensino e pesquisa, bibliotecas, espaços culturais, ambientes de vivência, moradia estudantil, restaurantes universitários, entre outros. É fundamental considerar a segurança e garantir a acessibilidade para todas as pessoas que habitam ou visitam nossos campi. A complexidade e a abrangência dessa gestão executiva, todavia, exigem planejamento e atuação integrada de diferentes órgãos da Universidade, incluindo as Unidades de Ensino e Pesquisa, Museus e Institutos Especializados, os Comitês Gestores e as Prefeituras de todos os campi, a CODAGE, a SGA, a STI e, principalmente, a Superintendência do Espaço Físico (SEF).
Apesar da disponibilidade atual de recursos financeiros e dos recentes reforços em seu corpo técnico-funcional, a SEF continua com uma importante demanda reprimida na execução de intervenções já autorizadas. Seu modelo de gestão requer, portanto, reformulação, com vistas a permitir maior agilidade, eficiência e resolutividade. Propomos um redesenho de sua operação, redefinindo a relação entre a SEF e as Prefeituras dos campi. A transferência gradual de parte das atuais atribuições executivas da SEF às Prefeituras nos parece adequada, de modo a garantir maior eficiência e autonomia executiva. Nesse novo modelo passará a caber à SEF um papel estratégico no estabelecimento de diretrizes institucionais de gestão territorial e de conduzir atividades de supervisão, enquanto as Prefeituras dos campi da Capital (Butantã, Quadrilátero Saúde-Direito e Área Capital-Leste) e do interior assumirão as funções executivas propriamente ditas, com reforços quando condizentes, podendo ser compartilhados. Para a execução de algumas tarefas operacionais, as Prefeituras atuarão com uma equipe mínima de servidores de nível básico, organizada em estrutura de facilities, em paralelo à política de terceirização de prestadores de serviços para atendimento das demandas de infraestrutura civil e de manejo de áreas verdes. Com base em planejamento estratégico, serão estabelecidos cronogramas para a conclusão de obras e reformas em andamento, sempre com foco em eficiência energética, áreas verdes, ocupação adequada dos espaços e, uma de nossas maiores prioridades, sustentabilidade, que será discutida adiante neste documento.
O Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) deve ser obtido em todas os ambientes construídos, com o objetivo de conclusão do processo, quando possível, ainda nos dois primeiros anos de gestão, garantindo segurança institucional. Nos locais onde não for possível sua conclusão, em função da necessidade de construções ou adaptações mais complexas, o procedimento para a sua obtenção deverá ser imediatamente iniciado, sendo estabelecido cronograma para a execução dos projetos e de obras, bem como de solicitação das vistorias do corpo de bombeiros que deverá ser fielmente obedecido. A SEF deverá garantir e dar o apoio necessário à conclusão de todos os AVCB.
O artigo 30 do Regimento Geral da USP determina que, em cada campus, seja elaborado um Plano Diretor Territorial por sua Prefeitura. Até o momento, apenas a Prefeitura do Campus Capital-Butantã concluiu tal determinação. Assim, todo o apoio será dado às Prefeituras dos demais campi para que tenham seus Planos Diretores Territoriais concluídos. Tal atividade contará com o apoio irrestrito dos Comitês Gestores dos campi, SEF e SGA. Além disso, é fundamental que as Unidades de Ensino e Pesquisa e outros órgãos constituintes de cada campus também concluam os seus próprios Planos Diretores. No Campus Capital-Butantã, tal atividade já foi iniciada e tem previsão de conclusão em meados de 2026. Nos demais campi, tão logo seja concluído o Plano Diretor Territorial do Campus, as respectivas prefeituras, com apoio dos respectivos Comitês Gestores, SEF e SGA, deverão apoiar a confecção dos Planos Diretores das Unidades e de demais órgãos.
Comunicação
Vivemos em uma Sociedade comunicacional. O entrelaçamento entre o entretenimento, as mídias diversas e o comércio digital formam a tríade estruturante da Sociedade contemporânea. Esse fenômeno de alta complexidade atravessa e revoluciona os modos de vida do nosso tempo, incluindo as artes, a política e, certamente, a ciência. As lógicas do nosso tempo são comunicacionais no seu sentido mais publicitário, uma vez que são efêmeras, autocentradas, fragmentadas, sintéticas, sedutoras, exibicionistas.
As organizações não se constituem ou se definem pela sua estrutura física, pela sua arquitetura hierárquica ou pelos produtos que têm. Sequer pelas pessoas que as integram. Definem-se sim pelas diferentes formas de comunicação estabelecidas entre as pessoas que a compõem. A organização se dá pela comunicação.
Enfatizamos a importância da USP transmitir de forma eficaz seus valores, pesquisas e contribuições para fortalecer sua reputação acadêmica e garantir maior engajamento e compreensão por parte da comunidade externa.
E isso, na USP, é ainda mais central, considerando suas atividades-fim, sua grandeza e sua natureza pública. A comunicação na Universidade, tanto em sua vertente científica, quanto interna e institucional deve estar estruturada e integrada para que as atividades-fim da Universidade sejam plenamente desenvolvidas e para que os objetivos da gestão sejam atingidos. Para tanto, apresentamos ações estratégicas para uma efetiva comunicação, organizadas em três dimensões:
– Comunicação interna: tornar a comunicação entre as pessoas, os sistemas e as estruturas físicas eficiente e facilitadora dos processos e do trabalho de todos.
– Comunicação científica: construir política de divulgação científica, com foco na explicitação da importância e da relevância da ciência na vida cotidiana – fazer sentido para as pessoas.
– Comunicação institucional: gerir a marca USP de modo a torná-la amada (vínculos emocionais fortes) por seus públicos e pelos cidadãos paulistas e brasileiros.
Em todas essas dimensões há grande espaço para melhorias, tanto na Comunicação interna, que sofre com a dispersão e, em alguns casos, com o excesso de mensagens (e-mails das diferentes instâncias, além da FAPESP, CAPES, CNPq, e-mails automáticos dos sistemas USP, WhatsApp e grupos, ligações telefônicas…) e com a falta de planejamento comunicacional das edificações e fluxos, quanto na Comunicação Científica (dispersa, sem política e com dificuldades de linguagem e de conhecimento da “cultura jornalística” por parte dos docentes e pesquisadores), e na Comunicação institucional, que apesar de contar com veículos bem posicionados (Jornal da USP, rádio etc.) e com Assessoria de Imprensa destacada, não atua em um aspecto essencial, a gestão da marca USP. E como sabemos, a imagem da USP concentra aspectos como “autocentrada, elitizada, imperativa, monumental, tradicional”, mas também surgem características como “respeitada, reconhecida, de excelência…”. Esses aspectos apontam para um importante distanciamento dos cidadãos, além de aberturas para melhorias no posicionamento da USP entre seus públicos constituintes.
Nesse sentido, a comunicação da USP não pode ser “apenas” jornalística (assessoria de imprensa), sendo que outros eixos comunicacionais se tornam essenciais como as Relações Públicas, o Audiovisual, a Publicidade, etc, que devem convergir para atuação estratégica na busca de uma Comunicação integrada e potente.
Tecnologia da Informação (TI)
Nossa visão estratégica nesse campo para os próximos anos inclui, porém não se limita, a ações para a Superintendência de Tecnologia da Informação (STI), órgão responsável por direcionar e gerenciar a TI na USP. A proposta baseia-se na percepção de dirigentes sobre as necessidades nesse setor e na análise da atuação em TI e seus desafios em Universidades estrangeiras de reputação reconhecida.
As Universidades e as profissões estão passando por recentes transformações em todo o mundo e percebe-se, em especial, uma preocupação mundial com a credibilidade do sistema acadêmico como um todo. É, portanto, relevante discutir como a gestão de dados (e a Tecnologia da Informação – TI) podem contribuir para reestabelecer tal credibilidade.
A STI tem apresentado significativa evolução nos últimos anos, situando hoje a USP como Universidade pública do Brasil mais avançada em termos de infraestrutura e sistemas de TI. Essa condição privilegiada permite novos avanços. Propomos, portanto, revisar sua estrutura administrativa, de modo a propiciar uma gestão mais participativa, atribuindo corresponsabilidades à Administração Central e às Unidades acadêmicas. Consideramos, ainda, imprescindível analisar o ambiente externo, a fim de compreender as ameaças e as oportunidades de desenvolvimento tecnológico atual e vindouro, assegurando à USP a vanguarda e liderança nacional no setor.
Propomos, assim:
– Ampliar a integração entre os sistemas acadêmicos/corporativos e evoluir suas interfaces para melhor usabilidade;
– Alinhar iniciativas de TI na USP com iniciativas de universidades/órgãos internacionais de referência;
– Aprimorar o uso de ambientes digitais de apoio às atividades de ensino, pesquisa, extensão e aos processos de gestão técnico-administrativa;
– Promover o uso da Inteligência Artificial para tomada de decisão e apoio às atividades acadêmicas;
– Desenvolver gestão de pessoal para manter atualizados os profissionais de informática dos vários setores;
– Desenvolver plano estratégico de atualização de equipamentos de armazenamento e comunicação;
– Contribuir para o letramento da comunidade acadêmica em temas relativos à TI, em parceria com a Escola USP de Gestão, contribuindo para a capacitação de estudantes e para o desenvolvimento profissional de docentes e servidores técnico-administrativos; e
– Fortalecer o uso de dados para retroalimentar a gestão da Universidade, apoiando a identificação de prioridades e a tomada de decisões estratégicas, bem como para consolidar, divulgar e aumentar a credibilidade e a reputação da USP junto à Sociedade.
Ações específicas deverão ser tomadas para inicialmente elaborar diagnóstico aprofundado sobre a eficiência da estrutura atual, incluindo recursos de software (sistemas), equipamentos e recursos humanos. Consideramos importante incluir os campi de Pirassununga, Lorena, e USP Leste (EACH) à estrutura atual da STI, composta atualmente pela Superintendência propriamente dita, 4 Centros de TI (São Paulo, Piracicaba, Ribeirão Preto e São Carlos) e um Núcleo em Bauru (sediado na Prefeitura do campus) e estruturar um setor de apoio às Unidades acadêmicas, sobretudo em suas necessidades de conectividade e direcionamento tecnológico, fazendo com que a STI seja a referência para tomada de decisões em TI.
Implementaremos avanços na usabilidade e integração de sistemas corporativos, a partir da avaliação detalhada das possibilidades e dificuldades de integração, buscando torná-los adequados para execução em dispositivos variados (especialmente dispositivos móveis).
Precisamos avançar no desenvolvimento de sistemas de extração de dados em tempo real, que possibilitem aos gestores acadêmicos a realização de consultas e resultem em painéis informativos (dashboards), capazes de instruir a tomada responsável de decisões, respeitados os preceitos da Lei Geral de Proteção de Dados. É necessário que nossos sistemas corporativos evoluam para o desenvolvimento de análises, utilizando técnicas de Inteligência Artificial como ferramentas preditivas para contribuir para a tomada de decisão na gestão acadêmica e administrativa, a partir da atualização de dados em tempo real. Nesse aspecto será essencial fortalecer a parceria entre a STI e o Escritório de Gestão de Indicadores de Desempenho Acadêmico (EGIDA), conferindo ao Escritório maior autonomia na coleta e análise de dados institucionais, com o objetivo de retroalimentar a gestão universitária no cumprimento de suas atividades-fim, fortalecendo a tomada de decisão estratégica e, ao mesmo tempo, prover dados relevantes de desempenho e impacto que possam traduzir à Sociedade, de maneira efetiva, a relevância da USP nos cenários nacional e internacional.
Igualmente relevante é dar prosseguimento às iniciativas de fortalecimento da segurança da informação e sistemas, frente à crescente frequência de tentativas de ataques de invasores a sistemas de serviços públicos no Brasil. Embora a segurança atual dos sistemas corporativos demonstre que as invasões não se concretizaram, é necessário evoluir nessa questão. Para isso, propomos a constituição de equipe constantemente atualizada e preparada para atuar tanto na prevenção de questões de segurança, quanto no restabelecimento de sistemas com rapidez, em caso de necessidade.
Escritório de Inteligência Artificial e Transformação Digital
A partir das recentes discussões e recomendações por mais de uma centena de docentes da área de Computação e Ciência de Dados, propomos a criação de um Escritório de Inteligência Artificial e Transformação Digital, com a missão de articular, fomentar, coordenar e regular institucionalmente o desenvolvimento e o uso responsável, eficaz, e ética e pedagogicamente apropriado da inteligência artificial (IA), em particular da IA Generativa, na USP, em atividades-fim (ensino, pesquisa e inovação, e extensão) e atividades-meio (gestão administrativa, financeira e operacional).
O Escritório será concebido como um espaço estratégico transversal, articulando conhecimentos e competências já existentes na USP em ciências de dados, computação, estatística, aprendizado de máquina, humanidades, artes e áreas correlatas.
Com essa iniciativa, a USP posiciona-se na vanguarda das universidades globais que estruturaram organismos dedicados à transformação digital e à IA.
Sustentabilidade
A temática ambiental vem sendo tratada com destaque pela USP desde a década de 1990 e foi institucionalizada em 2012 com a criação da Superintendência de Gestão Ambiental (SGA), o que contribuiu para o reconhecimento internacional da Universidade em rankings acadêmicos internacionais como o UI GreenMetric, no qual ocupa atualmente a 5ª posição. Suas atribuições atuais envolvem o planejamento, a implantação e a manutenção de iniciativas de sustentabilidade, apoiando a coordenação dos Planos Diretores Ambientais nos vários campi, promover a conservação dos recursos naturais na Universidade e em cooperação externa, incentivar projetos de governança ambiental e estimular o uso racional dos recursos, organizar, participar e dar suporte a redes de informação sobre sustentabilidade e colaborar em processos de educação voltados à sustentabilidade.
Em 2018, a USP estabeleceu sua Política Ambiental (Resolução nº 7465/2018), alinhada aos ODS das Nações Unidas). Entre as ações, destacam-se: o Programa USP Recicla, a gestão das Reservas Ecológicas da USP, a formação socioambiental de servidores, e o apoio à elaboração dos Planos Diretores Ambientais. Mais recentemente, foi criado o programa de pós-doutorado USP Susten, voltado à pesquisa científica e tecnológica em sustentabilidade, além da intensificação da participação em redes internacionais, como a International Sustainable Campus Network (ISCN). Também se destaca a presença da USP nas Conferências das Partes (COP) da ONU.
Os esforços da USP em sustentabilidade vão além da institucionalização, buscando constantemente novas parcerias que favoreçam a troca de experiências e a manutenção do reconhecimento internacional. As ações são estendidas à Sociedade por meio de parcerias com instituições como a CETESB, o Tribunal de Contas do Estado, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) e a Secretaria do Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (SEMIL).
Apesar dos avanços, a transição para um modelo plenamente sustentável, em estrutura comparável à de uma cidade de médio porte, exige investimentos, capacitação, inovação e pesquisa. Em 2025, foi iniciado o inventário de gases de efeito estufa da USP, elaborado em conjunto com as Unidades como passo fundamental para a meta de Carbono Neutro. Para consolidar os campi como verdadeiros laboratórios vivos de sustentabilidade e ampliar o impacto positivo nas cidades em que se inserem, propomos ações em parceria com a SEF e as Prefeituras dos campi, que possam:
– fortalecer os canais de diálogo e acompanhamento das ações de sustentabilidade nos campi, inspirados no programa Reitoria no Campus;
– seguir investindo em construções ecoeficientes, incluindo retrofit e infraestrutura para prédios inteligente, ampliar a circularidade na gestão de obras, manutenção, água e resíduos;
– expandir o uso de energia limpa, especialmente por meio da geração fotovoltaica, com foco em eficiência e retorno econômico;
– incentivar a mobilidade sustentável com frota mais limpa para a comunidade USP;
– elaborar inventários regulares de emissões em todas as Unidades para atingir a meta USP Carbono Neutro; e
– ampliar a coleta de dados e monitoramento de indicadores de sustentabilidade no sistema GAIA.
Bibliotecas e acervos culturais e científicos
As bibliotecas e os demais acervos científicos e culturais da USP constituem um patrimônio notável, distribuído entre nossas Unidades de Ensino e Pesquisa, Institutos Especializados, órgãos da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão e, com especial e merecido destaque, nos Museus estatutários (Museu de Arte Contemporânea, Museu de Arqueologia e Etnologia, Museu Paulista e Museu de Zoologia). Esse patrimônio de valor incomensurável qualifica de forma relevante e ímpar as nossas atividades de ensino de graduação e de pós-graduação, suporta a pesquisa avançada e inovadora, promove a cultura e propicia a difusão do conhecimento em ações de extensão com grande impacto social, contribuindo também para fortalecimento das ações de inclusão e pertencimento à Universidade. As bibliotecas, museus e centros culturais e científicos da Universidade são estruturas potentes e se constituem em verdadeiras portas abertas da USP para a Sociedade.
Entendendo sua relevância nos empenharemos em apoiar ações de requalificação e ressignificação das bibliotecas da USP, que em tempos recentes passaram a representar espaços vivos e dinâmicos, que fomentam o trabalho colaborativo de estudantes e pesquisadores, tendo-se tornado, também, ambientes de treinamento e desenvolvimento em ferramentas digitais de pesquisa bibliográfica e de análises cientométricas da produção intelectual da Universidade.
Propomos que sejam redefinidos e aprimorados a seleção e a priorização de títulos, e os processos administrativos de aquisição dos acervos bibliográficos complementares aos já disponibilizados no Portal de Periódicos da CAPES, agilizando as contratações e conferindo-lhes maior eficiência, reforçando a parceria da Agência USP de Bibliotecas e Coleções Digitais (ABCD), com a CODAGE e as bibliotecas de Unidades, Museus, Institutos Especializados e demais órgãos da Universidade.
Comprometemo-nos a apoiar a expansão da inserção dos Museus em atividades de ensino, pesquisa e em fortalecê-los como ambientes privilegiados para o desenvolvimento de atividades extensionistas. Contribuiremos, também, para aprimorar as ações de comunicação e divulgação de suas atividades para o conjunto da Sociedade, reforçando suas parcerias com a SCS.
Prosseguiremos com a construção da Praça dos Museus, seguindo o projeto arquitetônico já aprovado.
Apoiaremos, igualmente, a ampliação das parcerias dos nossos Museus e Bibliotecas com órgãos públicos e instituições privadas nacionais e do exterior para prover os necessários reforços à infraestrutura, o enriquecimento dos acervos, sua conservação e manutenção, e a ampliação das ações de acessibilidade com vistas à inclusão de diferentes públicos.
Integração de processos acadêmicos e de governança
A gestão acadêmica eficiente pressupõe planejamento, coordenação e integração, buscando-se o melhor desempenho das atividades-fim da Universidade e, consequentemente, otimização de seus resultados e maximização de seu impacto social. Um dos maiores desafios da gestão universitária contemporânea consiste em assegurar que as diversas instâncias de governança – em especial as Pró-Reitorias – operem de maneira integrada, evitando sobreposições, fragmentações e redundâncias. A coordenação efetiva entre esses órgãos é condição indispensável para que políticas acadêmicas, científicas, administrativas e de inovação se traduzam em resultados consistentes e de impacto.
Reforçamos a necessidade de criar junto ao Gabinete do Reitor uma coordenação das oportunidades de interação próxima entre os gestores responsáveis pelas cinco Pró-Reitorias, pelas Superintendências e pelas Agências da Universidade (AUCANI, AUSPIN e ABCD), de modo a promover a cooperação horizontal, estimular práticas de gestão colaborativa, trocas sistemáticas de informações e alinhamentos de metas e indicadores institucionais. Essa aproximação deve ocorrer por meio de reuniões periódicas, proposição de ações coordenadas, e, eventualmente, a criação de grupos de trabalho temáticos, garantindo alinhamento estratégico entre as diversificadas ações de ensino, pesquisa e inovação, cultura e extensão, internacionalização, e gerenciamento de acervos bibliográficos e coleções digitais, cruciais no suporte ao exercício de todas as atividades-fim.
Tal arranjo permitirá tanto maior eficiência na formulação e implementação de políticas acadêmicas quanto maior transparência nos processos de tomada de decisão. A lógica é de governança em rede, na qual a integração fortalece a capacidade da Universidade de responder de forma ágil e coordenada a demandas internas e externas.
A integração de processos acadêmicos e de governança na USP, inspirada nessas boas práticas, permitirá consolidar um modelo que combina eficiência administrativa, transparência decisória e coesão estratégica, assegurando que a Universidade atue como um sistema articulado e orientado para resultados de excelência.